Um carro lotadíssimo de bagagem e passageiro saiu em manhã seguinte em direção à Gramado, depois de um café colonial mui farto. Fomos p/ estância de meu outro tio p/ fazer visita de praxe. Foram outros abraços e outros beijos. Recebi um abraço de urso de meu tio, de quebrar costelas. Sorte eu ser outro urso, forte suficientemente p/ agüentar s/ quebrar. Meu tio aboletou nossas malas em nossos quartos c/ minha ajuda e ofereceu um mate p/ espantar calor de viagem p/ todos. Foi uma cuia fumegante passando de mão em mão. Minha tia ofereceu nacos de charque depois dessa roda de mate. Saímos c/ eles p/ andar pela estância p/ ver florada e vinhedo. Tinha muita hortência e muita uva. Foi uma caminhada lenta e longa, c/ minha tia mostrando prados por onde eu rolava quando piá e meu tio contando histórias antigas de nossa família, falando de caçadas, de problemas, de rodeios, de tragédias. Deixávamos nossas pegadas p/ trás pela grama sob sol fraco, levando cheiro de hortência misturado c/ suor conosco. Paramos quando chegamos ao regato, ficando ali um cadinho p/ refrescar e saboreando um pouco mais de nacos de charque, oferecidos por minha tia. Um jogo de boleadeiras passou p/ mão de meu tio, q/ perguntou se eu ainda sabia pegar rês na corrida. Afirmei. Começamos a girar boleadeiras sobre nossas cabeças, fazendo assobiar, p/ então lançar contra um ramo folhoso fincado c/ gosto em terra batida e pisada. Quem conseguisse vergar mais aquele alvo ou tirá-lo à força ganhava o páreo. Atingimos um empate honroso depois de uma hora de jogo, c/ torcida organizada, parcial descaradamente ao meu favor. uhuhuh Bebemos água de regato, nadando pelas suas corredeiras p/ refrescar nossa farra. Voltamos passando ao lado de vinhedos, colhendo cachos mais apetitosos e maduros e secando nossas roupas pelo caminho. Chegamos à casa à hora certa de almoçar uma charqueada c/ vinho tinto, preparada à céu aberto pelo mulherio de fazenda, c/ direito a dançar muito pau de fita e ouvir lendas contadas pelos mais velhos ateh ser noite fechada. Bateu meia noite c/ todos recolhidos p/ nanar, comigo abraçado c/ minha prenda daquela segunda feira. Fiquei insone por algumas horas, lembrando daqueles prados e daqueles vinhedos e revendo céus noturnos mui estrelados em meus pensamentos, daquela noite e de meu passado. Eu andava à cavalo pelas campinas, descendo e subindo colinas circundando araucárias e percorrendo pampa, fosse como tivesse diante de mim. Vinha sempre p/ estâncias nas férias de dezembro e de julho, c/ minha mãe, depois de meu pai, aquele toureiro espanhol lazarento, resolver levar minha mãe c/ ele, e eu a tiracolo, de RS p/ SP. Uma troca c/ q/ saí perdendo em termos de como muita coisa poderia ter sido. Ou não ser nunca p/ algumas tragédias. Um rosto de traços puros de mulher, de cabelos loiros prateados e olhos azuis como oceano, saiu de meus recuerdos, linda em seu vestido de casamento, guardado amorosamente por ela, de um branco profundo, c/ q/ foi vestida p/ seu funeral. Minha mãe. Saudade dolorosa daquele bibelô europeu, mais forte q/ muito homem s/ precisar de truculência. Dormi s/ ver, acordando c/ sol vazando pela cortina mui cedo. Fui cavalgar c/ meu tio, ao convite dele na noite de chegada, p/ percorrer estância dando voz de comando p/ peonada. Voltamos três horas depois p/ eu encontrar minhas esposas e minhas sogras, arrumadas e enfeitadas, de malas prontas p/ eu levar p/ carro, esperando p/ saborear café colonial completo comigo e minha família. Foi uma ducha p/ nós dois, sobrinho e tio, p/ vir comer em companhia de maioria feminina. Comemos c/ prazer e sossego e partimos de carro embagajado p/ cidade, aportando na pousada de meu primo p/ pernoitar em três quartos depois de passear um dia inteiro. Fomos saracotear pela cidade grande, contentes como potros soltos pelos pampas. Literalmente! uhuhuh S/ ficar preocupado c/ horário nenhum fosse p/ q/ fosse! Viajando pelas ruas floridas à espera! uh-uh
obs.: Eduardo Takashi Tikazawa, eu estou observando vc, guri!
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